Capítulo
Treze – O anel
Harry e eu saímos da
estreita rua e caminhamos até a rua da joalheria, onde o carro de Harry estava
estacionado. Ele abriu a porta para mim. Entrei no carro. Harry fechou a porta
e, em seguida, deu a volta pelo carro e entrou no mesmo.
Não falamos uma palavra
até chegarmos na rua de nossas casas. Sem dizer nada, tirei o cinto de
segurança e saí do carro.
Harry:
Um “obrigado” seria
legal. – ele disse, enquanto eu atravessava a rua.
Eu:
Eu salvei a sua
vida. Você é quem tem que agradecer.
– retorqui, sarcástica.
Harry:
Continua a mesma
teimosa de sempre! – ele exclamou, fechando a porta do carro com força e se
encostando no mesmo.
Ignorei
Harry e fui até a porta da minha casa.
Harry:
Não tem ninguém aí e
a sua amiga trancou a porta e levou a chave. – ele aviou, me olhando.
Eu:
Putz… - comentei, me
entando na calçada. – Onde vou dormir?
Harry:
Pode escolher entre
esquecer as diferenças e dormer na minha casa, ou dormer na calçada.
Eu:
Prefiro a calçada. –
respondi, irritada.
Harry:
Você é quem sabe... –
ele sorriu pelo canto dos lábios, desencostando-se do carro e entrando em sua
casa, fechando a porta em seguida.
Respirei
fundo, sentindo os meus olhos lacrimejarem. O meu pescoço doía e sangrava
devido ao corte que eu havia recebido, quando Jimmy afundou o canivete no
local.
E,
além de estar machucada, fui roubada, pois o meu anel não estava comigo.
Fiquei
sentada na calçada por, mais ou menos, meia hora, quando um vento gélido tomou
conta das ruas vazias. Me encolhi, segurando o meu casaco contra o meu corpo e,
passados alguns segundos, me levantei.
Atravessei
a rua, rapidamente, e toquei a campainha da casa de Harry. O mesmo abriu a
porta, depois de alguns segundos.
Harry:
Achei que iria
esquecer as diferenças... – ele comentou, sorrindo, enquanto eu entrava na
casa. Em seguida, Harry fechou a porta e me olhou. – Você está pálida. – ele
comentou, preocupado.
Eu:
E você está todo
fodido. – comentei, dando uma risada curta. – Sua boca está sangrando...
Harry:
Não importa. – ele
limpou o filete de sangue que escorria de sua boca com a manga da jaqueta. – Se
quiser, tome banho primeiro.
Eu:
Mas e você?
Harry:
Me resolvo depois.
Se não tomei até agora, por que me importaria? – ele respondeu. – Você sabe
onde fica o banheiro, né? – ele sorriu pelo canto dos lábios, me olhando.
Eu:
Sei. – respondi,
corando, indo para as escadas. Parei no pé das mesmas e olhei para Harry, que
me observava. – Obrigada...
Ele
sorriu e assentiu com a cabeça.
Tomei
um rápido banho quente, me enrolei na toalha e me olhei no espelho por alguns
segundos. Olhei para o corte no meu pescoço, quando, de repente, Harry abriu a
porta do banheiro e entrou no mesmo. Trazia consigo uma grande camiseta.
Harry:
Vista isto. – ele
riu, quando segurei a toalha com força. Peguei a camiseta. Harry sorriu, pegou
as minhas roupas, deu uma piscadela e saiu do banheiro.
Vesti
as minhas roupas íntimas, que eu levava na bolsa (por precaução) e a camiseta,
que terminava na altura das minhas coxas.
Saí
do banheiro, levando comigo a toalha. Harry, que estava parado na frente do
banheiro, sorriu, pegou a toalha das minhas mãos e entrou no banheiro, fechando
a porta em seguida.
Desci
as escadas para a sala e peguei, na minha bolsa, o meu celular. Disquei o
número da Manu e esperei ela atender.
~Ligação
ON~
Manu:
ONDE VOCÊ SE METEU?
– ela berrou.
Eu:
Depois falo. Quero é
saber da minha chave.
Manu:
Tá comigo. Te dou
ela na universidade.
Eu:
Tá, e como vou pra
faculdade? Sem roupas e sem cadernos? – perguntei, irônica.
Manu:
Eu sei que você tá
na casa do Harry. – ela deu uma risada maliciosa.
Eu:
E o que isso tem a
ver com a chave? – perguntei, sem entender.
Manu:
Para bom entendedor,
meia palavra basta. – ela riu e desligou.
~Ligação
OFF~
Respirei fundo, irritada. Sentei no sofá e coloquei a
mão no pescoço, em cima do corte. Sentia o machucado arder. Enterrei o meu
rosto nas minhas mãos, chorosa, e fiquei ali por alguns minutos.
Harry:
Está se sentindo
melhor? – ouvi a sua voz dizer, atrás de mim.
Eu:
Sim… - respondi, sem
olhá-lo.
Senti
que Harry sentou-se ao meu lado. Sem seguida, senti a ponta de seus dedos
tocando o meu queixo e, cuidadosamente, ele levantou o meu rosto.
Harry:
Vamos cuidar desse
machucado. – ele me olhava. Com a ponta do polegar esquerdo, ele limpou as
minhas lágrimas.
Harry
levantou-se do sofá e me levou, consigo, para o quarto. Sentei na beira da
cama, enquanto ele pegava a maleta de primeiros socorros.
Harry:
Por que estava
chorando? – ele agachou-se na minha frente e pingou o conhecido remédio na bola
de algodão.
Eu:
E ainda pergunta? –
o olhei, enquanto ele colocava o algodão sobre o corte do meu pescoço.
Harry:
Bom… Eu apanhei. Fui
chutado no estômago infinitas vezes e por pouco que aquele cara não enfiou um
canivete na minha cara. – ele ergueu uma sobrancelha. – E não estou chorando.
Eu:
Você chorou no
banho, que eu sei. – dei uma risada curta.
Harry:
Nem chorei, ok? –
ele sorriu pelo canto dos lábios, segurando o algodão.
Eu:
Mas você tem cara de
quem chora no banho. – ergui uma sobrancelha.
Harry:
Isso não vem ao caso
agora. – ele sorria, me olhando. – Então. Vai me responder o motivo do choro?
Eu:
Eles pegaram o meu
anel…
Harry
se levantou e foi até a mesa de cabeceira.
Harry:
E se eu disser que
eles não pegaram? – ele tirou da gaveta o anel de ouro com a pedrinha de
esmeralda.
continua.....
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